Parentes queridos parentes
O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.
20 de set. de 2014
O pássaro cuco e a múmia
Oi gente,
quanto tempo, pois é. Não dá para dizer a quantidade de experiencias e trocas que fiz ao longo desse tempo. Gostaria de registrar tudo mais tenho preguiça (um dos pecados capitais, Credo em Cruz!) que dá dó. Gostaria de ter um scanner de mente e colocar aqui. Seria bem legal.
Mas o que me trouxe aqui hoje tem a ver com o titulo e minha intenção primeira com esse blog, a saber: reproduzir experiencias que vivemos em nossa família que serviram ou servirão de exemplos educacionais. É aquela tese, lembra? Não é só a escola que ensina.
Um tempo atrás estava na casa de minha irmã Ly observando e babando em cima das crianças que são lindas, quando a Sophia abriu a porta da sala (que é de correr) que liga essa aos quartos e segurando a porta com uma mão e o batente com a outra gritou: " mãe, a Teresa fez tal coisa" e a mãe respondeu: Peça pra ela ficar quietinha pois eu vou já já falar com ela". Pensei com meus botoes: "Não vai adiantar nada". Dito e feito. Passaram-se alguns segundos quando novamente abriu a porta e disse: " Mãe, ela não quer ficar quieta". Respondeu minha irmã " Tô indo, espera aí". Passaram-se outros segundos e a porta foi novamente empurrada e ela berrou: " Mãe a Teteca não quer parar".... Aí, não levando em paciência, como diria minha avó, disse-lhe: "Nossa, Sophia, você esta parecendo um cuco" Pra quê! Saiu gritando chorando copiosamente dizendo que eu a havia chamado de pássaro cuco. Ai eu disse: Opa! Não senhorita, eu disse que esta parecendo um cuco" E toca a chorar, ficou de mal, me mostrou a língua, tudo que uma criança faz quando esta indignada e com fome como diz minha mãe. Passado um tempo a Ly me falou: O Wania, por que você fez isso etc e tal. E eu fui ficando um tiquinho sem graça. Passado um tempo fui atras dela e disse-lhe que queria conversar e ela ficou toda ofendida dizendo que eu a havia xingado e que isso não era certo e eu dizia que achava que ela não tinha me entendido, pois o que havia feito era uma comparação e não um xingamento e expliquei sobre o relógio cuco, como ele funciona, se ela conhecia, etc e tal. Não adiantou nada pois até hoje ela diz:"um dia você me chamou de pássaro cuco" e assim vamos vivendo essa vida. Penso que ela deverá fazer terapia por conta disso. Tadinha e ela nem parece um pássaro cuco.
Passa o tempo .Hoje, conversando com uma de nós primas: "Waninha, sabia que eu fui fazer terapia e deixei escapar que eu era chamada as vezes pela minha mãe e pelas tias de múmia!. A terapeuta ficou tao chocada que me vejo agora justificando a família, que eles na verdade não queriam me ofender, e sim dizer que eu era mole, devagar ou qualquer coisa assim. E não adiantou.... Não sei o que fazer."
Começamos a rir e pensei com meus botões se por acaso o povo, educadores, terapeutas e demais pessoas da área soubessem como já fomos nomeados pelos nossos tios e avós ficariam tao horrorizados que seria motivo para sair no Jornal Nacional. E no entanto, percebo que nós, pobres Almeida, Simões, Brandão, não considerávamos uma afronta pessoal, é verdade ou não, pessoal? Mas parece-me que as crianças atualmente não estão sabendo brincar. Vai ser um problema na nossa família de gaiatos, certo?
Observem que entre um e outro tempo foram embora umas três ou quatro décadas. Que mudança.
5 de jul. de 2010
Após dias e dias parada...
Sempre fui chegada num grupo onde podemos falar sobre tudo e sobre nada que as prosas acababam sempre no lucro: Tudo Deus com os anjos! Muito bom.
Agradeço a presença constante e paciente com meus tropeços a todos vocês, viu?
Por hoje é só! Quero que a enfase seja para meus seguidores.
Um beijo e até amanhã sem falta!
20 de set. de 2009
Como dizia tio Antonio: "Tô indo. Quem quiser que me acompanhe"

A frase acima era dita por ele sempre que queria nos levar para o Play Center ou para um tour de conhecimento ou de reconhecimento no local onde morava. Nunca o percebi com preguiça, cansado ou seja lá o que for que o impedisse de agir assim. Foi dessa maneira que conheci, especialmente Itajaí (e adjacências) e Feira de Santana, especialmente.

Hoje, adulta, percebo melhor o que significava tudo isso: uma forma de nos educar. Sim, afinal o que fazia nada mais era do que uma forma de nos situar no local, de mostrar como, no caso de nos perder, voltar para casa.
Que coisa legal! Agora realizei que foi dessa maneira que conheci e andava em Feira (pelo menos até a década de 90) com segurança pois até aonde era seu escritório, meus irmãos e eu, sabíamos.
Agora, infelizmente não tenho mais noção onde está o sul, o norte, nada mais por lá. Em maio, quando lá estivemos, só uns poucos locais reconheci e, entre eles alguns eram os marcos que meu tio nos havia mostrado. Impressionante. Se tivesse sido largada em qualquer lugar dos dias atuais estaria rodando, até agora, nos locais que meu tio nós mostrava com uma paciência de fazer inveja a qualquer Jó.
Tio Antonio, não há dúvida foi marcante. Lembro-me perfeitamente dos almoços ao meio dia, cumpridos a risca, pois a pontualidade também era uma de suas características.
Ontem foi um dia no qual falamos muito dele, lembramos de episódios que só puderam deixar lembranças por que Tio Antonio nos deu oportunidade de vive-los. Minha mãe, por exemplo, lembrou-se do dia em que ele e minha tia, passando em casa a caminho de Itajai (como sempre fazia por onde passasse e houvesse parente), percebeu o profundo cansaço que nossa mãe vivia, e perguntou-lhe se não queria ir com eles para o sul e descansar. Comentou com meu pai e os dois a convenceram. Toda vez que menciona esse episódio reafirma ter sido uma das melhores viagens feitas. Tio Antonio fazia questão de deixá-la descansando chegando a ponto de não dar tempo dela querer algo pois sempre se adiantava.
Descansou como poucas vezes naquele viagem e até hoje é muito grata por isso. Relembrou também o dia em que ele foi almoçar em casa pois estava trabalhando próximo e, ao se deparar com o rosbife que ela havia feito ficou tão surpreso que disse: "Espera aí pouco, comadre, mas algo assim só pode ser saboreado com um vinho". Saiu e em minutos voltou com uma garrafa de bom vinho para acompanhar o almoço. Com atitudes como essa, tão simples, fez a ela um dos maiores elogios que alguém pode dar para uma dona de casa.
Na verdade recordo-me que esse era um comportamento típico dele para com todos que encontrasse, fosse onde fosse, mesmo em sua casa ou viajando com ele. Tive oportunidade de vivenciar isso muitas vezes.
Com ele nunca deixei de fazer algo que para qualquer criança ou adolescente, de qualquer época, é tudo de bom: Ir ao encontro de sorvetes! Ah! Não sei como ele sabia onde encontrar os mais deliciosos. E tem mais, por suas mãos descobri os pastéis do Mercado Municipal de Paraisópolis. Não dá para descrever esses encontros, só dá para recordá-los e sorrir, além de babar , é claro!
Perguntei para a Wanilda o que ela aprendeu com o tio Antonio e prontamente me respondeu com essas palavras: "Aprendi com o Tio Antonio: Dar carona e descascar laranjas - dá um prazer danado." Confesso que a principio achei sua resposta estranha... Mas ela me falou, "você não lembra, Wania, como ele descascava as laranjas para nós? Que perfeição! Descascava de um jeito tal que ficavam tão bonitas e apetitosas que não dava para dizer não. Nunca reclamou, ao contrario, sempre oferecia mais uma". Até hoje, Wanilda sempre pensa nele quando descasca laranjas para seus filhos ou quem quer que seja.
Um fato que acompanhei e participei foi o desejo que Wanilda tinha de que ele e tia Waldeneuza fossem padrinhos de seu casamento. Ficou triste mas compreendeu quando não puderam vir.
Na volta da viagem a Itajai com minha mãe, parou em casa para deixá-la, descansar um pouco e continuar viagem. E Wanilda que lá estava falou pra ele: "Poxa, tio, queria tanto que vocês abençoassem minha casa e vocês vão embora sem conhecê-la?" Imediatamente ele mudou de ideia dizendo que continuaria a viagem no dia seguinte.
Lembro-me da felicidade dessa minha irmã ao mostrar seu "apartamentinho" de casada e das palavras incentivadoras que ele e minha tia deram para ela e o Alvaro, além de suas bençãos.
Naquela noite, mesmo cansado, tendo de re-estruturar sua viagem após chegar de Santa Catarina, meu tio e minha tia mudaram seus planos para jantar uma bela macarronada e fazer mais uma vez uma sobrinha feliz.
Sinto falta dele!
Parabéns, tio, pelo seu aniversário onde quer que esteja.
Sua benção.