Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.
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20 de out. de 2010

Conversas no almoço

Conversávamos no almoço de hoje sobre o problema ou solução que é a goma na vida útil de uma roupa de cama e no prazer que nos dá uma roupa bem passada quando minha mãe lembrou-se de um fato.

“...então começou ela, um dia nós fomos a casa da Parisina” - “Nós quem, mãe?” - “Ah, Tia Filinha, eu e mais alguém que não me lembro...” - Humm! “A Parisina era vista como moça mais vivida, não tinha muito boa fama. Casou-se com um sujeito com metade da sua idade e foi um auê na cidade. Acho que eles se conheceram nas Casas Pernambucanas pois os dois trabalhavam por lá. Mas voltando, fomos visitar a Parisina que estava passando roupa. Até falamos para não se incomodar e continuar passando enquanto conversávamos. Ah! Que impressionante o jeito, o capricho com que engomava e passava o lençol.” perguntei: “mas a senhora e tia Filinha, tidas e havidas como as melhores passadoras da família se espantando?”

“Ah, sim. Ela não dobrava em 4 ou 8 partes não, passava cada pedacinho e o lençol ficava lindo; o armário de roupas era maravilhoso, só vendo... Deu uma senhora dona! Teve 3 filhas bem educadas e me parece que só uma foi para o desvio... Lembrei agora que a Parisina era filha do Abelopes Ribeiro e um dia (não aguentei e perguntei: mãe, esse era o nome do moço? Ao que respondeu: Não. O nome dele era Antônio Alberto Lopes Ribeiro mas assinava Abelopes. Moço inteligentíssimo, gostava de fazer poesias.

… Então, um dia, ele foi convidado para jantar na casa da noiva do Ziney, seu filho, no Rio de janeiro. Até aí tudo bem, só que não contaram que ela morava no 10º andar do prédio pois ele tinha pavor de elevador e não entrava nunca em um. Acho que pensaram que se não contasse ele entraria para não fazer desfeita com a família da noiva. Pois ele fez. Se recusou a entrar dizendo que nem a paulada o faria. Mandou agradecer o convite para jantar deu meia volta e foi embora”

Da goma fomos para o elevador e fiquei com uma serie de interrogações.

8 de jan. de 2010

A mamãe, eu, os Brandão e os almoços

Já não é de hoje que peço a minha mãe que relate o que ela se lembra dos Brandão (o lado da nossa avó Hilda, the star). Há muito a ser lembrado e exposto mas é importante ir "devagar com o andor pois o santo é de barro". Não quero que ela misture fatos e dados, então é necessário esperar ela parar de rir primeiro para depois ir contando as histórias vividas entremeadas de novas risadas. Sem querer ela escolheu o almoço para contar o que lembra  A Maria e eu ficamos aguardando com paciência (com medo que engasge) para no final rirmos também.

Ontem ela contou de uma festa de 25 anos de casado (acredito que seja de avó Dito e avó Hilda). Baixou o mundo em Paraiso como só poderia ser. Tia Jenny (sabiam que o nome se escreve assim? Até hoje acho estranho) foi a encarregada de ver lugar para o povo todo. Foi um tal de colocar fulano num quarto , beltrano em outra casa, sicrano sabe-se Deus onde  só sabe dizer que foi uma trabalheira danada a que a tia assumiu, até que, perplexa, notou que não tinha sobrado lugar para ela... E toca a rir enquanto a Maria e eu perguntamos: Coitada, mas onde ela dormiu, então?
E da-lhe risada! Até que ao final e ao cabo descobrimos que ela dormiu em cima da mesa na sala de jantar... Quer mais? Isso é que é hostess, fala a verdade.

Hoje, quando sentei a mesa para o almoço ela já estava rindo... Que foi, mãe? perguntei. Estava aqui lembrando do dia que viajei de trem com tia Marocas (Maria Brandão) para Belo Horizonte para encontrar tia Filinha (Ormila Brandão) e voltar  para casa. Não houve meio de saber o que elas foram fazer em Belô além de pegar tia Filinha.

Segundo ela, lembra-se bem do tio Lincoln a toda hora dizendo: Não põe o braço para fora, Waldete. E ela, não entendia o que ele tentava dizer. Para fora de onde? Demorou um tanto para que pudesse entender...

Mas, enfim, o auge foi a volta.  Fiquei imaginando a cena e deu para ver claramente a situação. Ao chegarem na estação havia um trem parado e tia Marocas decidiu que era aquele o trem para Paraiso , entraram, sentaram e partiram. Quando o (branco!!!!...não me lembro como se chamava o senhor que vinha verificar as passagens) moço ao pegar as passageens disse que estavam enganadas, pois o trem onde estavam ia no sentido contrario ao que pretendiam ir. Nessa hora a tia Filinha começou a cutucar a mamãe e a a dizer: ó...ó..ó.. só a cara da ´Maroca`...ó! A mamãe fazia um esforço danado para não rir e tia Filinha a insistir: "Vê se pode, oia só a cara da Maroca!" Pararam na estação seguinte, atravessaram para o lado de lá e tia Marocas quieta; entraram no outro trem e as duas continuavam iguaizinhas: Uma falava ó...ó...ó a cara da Maroca e a outra muda. A mamãe? tentava parar de rir... Vai se a coisa virasse para ela, não é?

Terminou dizendo: Sabe que passei dias indo pra frente e pra tras? Acho que era o balanço do trem, né? Nunca tinha andado naquilo