Nesse ano que passou meu cunhado Alvaro esteve muito doente. Quando digo muio doente é verdade. O que passamos nesses trinta e tantos dias só dá para contar em rápidas pinceladas mas que nunca será tão tocante, tão pungente como ter vivido.
Minha irmã Wanilda, esposa dele, tem sido uma fortaleza. Mais do que isso tem sido fora de série no trato em todos os sentidos do marido. Seus filhos, Aline e Arthur, se revelaram verdadeiros "filhos da mãe" . Dão apoio para o pai e para a mãe guardando as diferenças e necessidades deles e não os abandonaram em nenhum momento.
Estou muito orgulhosa dos dois.
Alvaro esta com Parkinson (http://www.scielo.br/pdf/anp/v53n1/01.pdf) e nunca poderia imaginar que acharia que isso é light perto de como ele está hoje. Mas é verdade. Junto com isso apareceu o Corpos de Lewy (https://pt.wikipedia.org/wiki/Dem%C3%AAncia_com_corpos_de_Lewy). Ou seja, meu cunhado está demente.
Não acreditávamos que ele iria sobreviver a tanta dor, tanta fragilidade, tanta agonia como foi nesse mês de dezembro e inicio de janeiro. E não sabíamos como vivenciar o desconhecimento dele ou os parcos lampejos de consciência que teve nesses mais de 30 dias.
O Alvaro sempre foi uma figura marcante em todos os aspectos. Quem o conhece sabe como sua presença é forte, engraçada e original. Vê-lo como esta hoje, um pouco recuperado, não acredita que seja o mesmo homem que esteve quase morto e muito menos que seja o mesmo ser humano (que saiu do hospital depois de 32 dias sendo que a maior parte na UTI e semi-UTI)
Precisou ir para uma clinica pois devido a demência precisa de acompanhante 24 horas e todos precisam trabalhar para, entre outras coisas, custeá-lo.
Estou muito triste com tudo isso. Não é uma tristeza chorosa e sim uma tristeza que vem de se saber finito. De repente vejo que envelhecemos com toda as sequelas que vêm com isso.
Não tenho saco para usar as mídias sociais, pois me irritam. Não tenho saco para responder a qualquer um pois estou mergulhada em mim mesma, ou seja, ensimesmada. Reflito sobre o resultado disso tudo e sua repercussão em minha família e em mim. Tenho preguiça de abrir a boca imagina digitar nas mídias??? coisa que se tornou obrigatória mas que não me pega. Pode ser quem for não me pega. Dou uns raros pitacos mas até isso estou largando. Desculpem-me a franqueza mas acho um saco e supérfluo.
Quem captou bem esse meu jeito de ser foi meu irmão André que lendo o jornal numa certa ocasião disse: " Wania, vc viu que saiu no jornal? Não, não vi. Ah!Está aqui, veja..." e sacou uma charge do Charlie Brown que tinha a Lucy resmungando em um quadrinho "Hoje não quero saber de ninguém". No outro quadrinho ia andando e resmungando: " Não falem comigo" e mais um quadrinho onde dizia que iria para seu quarto para no ultimo quadrinho aparecer deitada numa almofada com uma cara cruel dizendo: "Hoje só vou deitar na minha almofada d´água e sofrer!" .... Pois é, essa sou eu.
Outro dia achei esse quadrinho mas não sei onde guardei-escondido. Quando encontrar (sem procurar) colocarei aqui.