Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.

2 de set. de 2015

Outra conversa de almoço

Sua avó nunca gostou de se meter na vida dos outros, diz minha mãe na hora do almoço, mas quando algo não estava de acordo em sua cabeça ela sempre dava um jeito de resolver.

Ficou sabendo lá na fazenda que a Marocas iria deixar a casa dela para o Padre João quando morresse. Ah, não deu outra: desceu pra cidade e foi conversar com ela. (Interrompi para perguntar se ela estava junto e minha mãe confirmou). Lá chegando foi logo dizendo: Oh Marocas, por que você vai deixar a casa para o PE João? Se padre tem lugar para morar, para ficar e tudo mais? Por que você não deixa para o Gustavo já que o pai dele ajudou na construção, a mãe dele ajudou (Jenny)? Ele precisa mais que o padre, larga a mão disso. E assim foi feito.

O que me chamou a atenção foi a não discussão sobre o pragmatismo da morte. Ou seja, quer morrer, morre, mas faz as coisas direito

As coisas eram muito diferente naquela época minha filha; imagine só que quando vovô Brandão morreu ninguém podia ligar radio, cantar e muito menos tocar piano. Por conta disso que parei de aprender a tocar piano. Uai mãe por quê? Por que já que não poderia tocar piano em casa eu e a Waldyra fomos aprender na casa do professor. Durante a aula o professor que estava segurando um canivete bateu em minha mão porque eu errei uma nota. Sai de lá chorando. Ao passar na frente da casa do Tio Lincoln ele me viu chorando e perguntou o que havia acontecido e a Waldyra contou. Pra quê... O tio saiu de casa e acabou com a aula de piano e disse que ninguém iria aprender  mais nada. Acho que aquele professor era meio "detraquê" (sic),  minha filha, imagine que ele apaixonou pela irmã do padre e era casado... Pode? Já deve ter morrido também. ... É acho que sim, mãe. Mas ele ficou com as duas? Sei lá.... foi a resposta.

Tenho uma birra dessas questões sem respostas.... As pessoas de nossa família, da geração anterior a nossa eram pouco curiosas...

Continuou ela: Já quando a vó Laura morreu foi a mesma coisa:  nada de ligar radio, cantar etc e 'tar'. Você era muito pequenininha e com o Waltinho não pude ir ao enterro. Foi um enterro muito concorrido. A Radio ficou falando a semana toda sobre a vó Laura, uma beleza! Mãe, mas se não poderia ouvir radio como a senhora soube? Por que sua avó Hilda não queria saber dessa coisa de não ouvir radio e ouviu tudo na fazenda.

Fiquei pensando: Acho que nossa avó era uma contraventora, né?




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