Fazia muito tempo que
não sentia emoção tão forte. Entrar na fazenda depois de tantos
anos foi um momento único para mim. É como se estivesse exorcizando
tudo de ruim e encontrando novamente a paz, a minha Pasárgada. Não
sei se é possível falar em saudade positiva, mas era isso que
sentia quando pensava naquele local.
Fazia muito tempo que
não mexia tanto o pescoço. Para ver tudo e sentir tudo era
necessário torcer para lá e para cá. Percebi isso ao passar por
uma porta, uma parede, um quarto em busca das lembranças grudadas na
paredes da casa e na minha memória. Sou profundamente grata ao tio
Wolney pelo trabalho magnifico que fez por lá.
Ao pisar na fazenda
comecei a chorar de emoção e uma porção caótica de lembranças
apareceram em minha cabeça: O Eugênio fingindo que iria pular no
poço e efetivamente pulando; o André e a martelada na cabeça da
Wanilda; a Katya caindo e quebrando o braço, o Waltinho caindo do
muro no terreirão e sendo salvo pelo tio Wolney que o pegou no ar;
os tios Wilton e Wolfigango demonstrando como dominar um cavalo; o
casamento da tia Wilka; as noites deitadas no café recolhido e
coberto com lona; as “cantorias” fosse do Martins, do tio Wilton,
da Leninha; as sentadas no banquinho do fogão a lenha; os banhos na
piscina ou nos poços; as histórias de tio Antonio sobre indios
quando íamos colher couve; a Vó Hilda e sua máquina de costura; o
vovô com suas broncas nos “sem juízo” que apareciam na fazenda
acreditando firmemente serem fazendeiros dos “quatro costados”; e
até o famoso quadro no quarto do tio Libaldo (Willibaldo) que de um
lado era cheio de santinhos e do outro de mulheres peladas. Poucos
lembram disso porém eu me lembro nitidamente pois achava muito
interessante como mudavam de quadro toda hora naquela casa.
Se eu colocasse aqui a
quantidade de coisas que me ocorreram ali não caberia.
Tinha certeza absoluta
de que nada mais importante viveria na fazenda. Curioso. Ledo engano.
Em três dias e meio acrescentei um estoque tão grande de lembranças
que finalmente percebi que ali é fonte inesgotável de vida e de
viver.
Olha só se o que disse no post de ontem não é verdade: Para vocês meu sobrinho Arthur, the phanton
Está "tar e quar"...rsss
ResponderExcluirÓtimo!
beijos
Obrigada Wânia por saber expressar tão bem os sentimentos de todos os que estiveram lá naquela dia.
ResponderExcluirDetesto essa frase, mas tenho que escrevê-la aqui:
ResponderExcluirVIU, NÃO TE DISSE?
Todos vocês compartilham as emoções, as saudades, os sentimentos bons e ruins comigo. Tenho certeza que TODOS os MEUS PRIMOS adoram esses Encontros.
O meu sonho de Encontrar TODOS os meus primos hoje é realidade para cada um de vocês.
Eu sei querida. Valeu a pena mesmo. "Sempre vale a pena se a alma não é pequena" Fernado Pessoa
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