Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.

18 de nov. de 2010

Joias de familia

Esse titulo li numa folha de papel em um filme onde uma das personagens tentava fazer um trabalho escolar. Uma cena rápida.

Fiquei pensando mais de uma vez imaginando as joias de família que dispomos para passar de pais para filhos...
Em nossa família não ouço discussões sobre as joias de família (graças a Deus), de quem ficou para quem passou.
Lembro-me vagamente de algo relacionado ao casamento da tia Wayne com tio Zé Ireu. Estavam a caminho da lua de mel, acidentaram-se na Rebouças (SP/SP)e perdeu-se o anel que era da vovó. Levei anos para desembaraçar essa história até que chegou um momento em que o medo danado da Av. Rebouças que passei a ter transformou-se em receio e hoje é apenas cuidado; nada de joias de família.
Lembro-me das joias da tia Wilka, da tia Waleska e de minha mãe, mas só... Não lembro de minha avó com joias a não ser brincos pequenos e discretos.
Na verdade nunca me preocupei com esse assunto e sempre achei natural ganharmos uma joia aqui outra acola de nossos pais e darmos uma joia aqui outra acola aos afilhados etc e tal.
Gosto de joias e as poucas que tenho são de um valor incalculável por terem sido dadas. Nunca ganhei um anel igual ao que o príncipe William deu para sua noiva Kate e penso que ficaria lindo em minha mão. Mas, não nasci para princesa, duquesa, marquesa, e sim para “baronesa da tabua lascada” como muitas vezes ouvi se referirem a mim.
Bom, mas isso é outra história. O que gostaria de dizer é que independente das joias verdadeiras ou simbólicas nossa família tem as joias de família mais preciosas do mundo: lembranças.
Existe joia mais rica, importante e original do que essa?? Não acredito.
As vezes me vejo lembrando de uma coisa aqui outra acolá que são tão díspares que não dá para explicar. Exemplo: O dia em que a vovó morreu e o dia da discussão do Paulo Marcos e da Renata sobre se o que viam no alto da árvore era ou não maritacas.
Nesses momentos gostaria que estivéssemos todos, como já estivemos varias vezes, deitados em vários cantos da mesma sala ou do mesmo quarto para falar: Sabe, no dia que a vovó morreu, o tio Wilton mandou todos os empregados varrer o terrerão de café e estranhamente me pareceu que os empregados ficaram felizes por terem algo para fazer e vários blas blas blas e blas iriam surgir e me fariam pensar, pensar e pensar. E muito provalmente terminaria dizendo: Gente! Sabe o ultimo almoço que fizemos no clube de campo? Pois então, sentei numa mesa ao lado do Paulo Marcos que tinha a Renata ao seu lado esquerdo. Todos almoçávamos e proseávamos. De repente o Paulo olhou por sobre minha cabeça e disse: Olha que belezinha a Maritaquinha... ao que a Renata falou: não é maritaca.
E o Paulo: É maritaca.
Renata: Não é maritaca, não senhor
Paulo: É maritaca, sim Renata
Renata: Eu conheço maritaca e isso aí não é maritaca. Lá em Campos do Jordão...
Eu olhava aquela cena impressionada com o dialogo dito sem alteração de voz e pensava eles vão quebrar o pau por conta de uma maritaca shakespeariana ser ou não ser...
Sem levar em paciência disse: Renata como você é chata. Queria dizer para o Paulo também mas como ele estava recém operado e fazia tempo que não o via fiquei quieta com medo da reação. Levantei e sai dali...
Querem saber de uma coisa? Essas são nossas joias de família únicas e eternas.
Devo essa postagem ao meu cunhado Luis Carlos. Thanks!

7 comentários:

  1. Wania,
    Quando minha tia Iracema morreu, foram distribuidos todos os seus pertences, e olha que ela tinha coisas! Minha outra tia, a que estava distribuindo me perguntou se eu não queria nada, e eu respondi rapidinho que não, pois já tenho coisas demais e caixão não tem gavetas. Acredito que devemos guardar boas
    lembranças, valores morais e aprendizagens. O material é bobagem. Afinal, para aonde vamos, não precisamos de nada mesmo.
    mas afinal???? Eram ou não maritacas? rs
    Eu sou da seguinte opinião...se o Paulo quiser que elas sejam, serão, mas se a Re acha que não é, está bom também...ultimamente estou concordando com tudo!!!
    bjs e bom final de semana!

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  2. Pois eu herdei "jóias" que as guardo ( e uso muito!) de parentas queridas! A lista: Todas as agulhas de crochê e cadernos de risco de bordado da Tia Wilka que o Wander, maravilhosamente atencioso , respeitou a vontade da mãe dele . Afinal, ela queria que eu fizasse com estas preciosidades! Outras duas jóis foram da vovó Ilda. Estávamos na fazenda, mamãe e tia Waleska arrumando as coisas da vovó para doar e nos deparamos com dois lenços lindíssimos. Imediatamente tia Waleska disse: Estes ficarão com a Wanilda que é alucinada por lenços como eu. Linda a atitude dela, né? Ela podia ficar com os lenços para ela pois como filha tinha mais direito que eu . Quando eu fiz 50 anos ( e já se passaram 5 anos ....) mamãe me deu o maravilhoso chuveiro quadrado com 68 diamentas. Este anel ( mais lindo que da princesa Diana!!) foi desenhado pelo meu pai. Não tem preço!! Mamãe ficava lindo com ele e cresci com esta lembrança das mãos elegantes da mamãe com aqule adorno divino!) ...me emocionei demais e fiquei muito feliz! Eu achei injusto ficar com esta jóia, afinal tenho uma irmã mais velha e , por direito ela é quem deveria "herdar" este tesouro. Mamãe me disse: Você foi a filha que me deu a minha primeira neta . Fica com o anel até passá-lo para Aline. E Aline , se Deus quiser , vai passar para a filha dela ou para a nora dela ! Uma hora dessas eu coloco a foto dele aqui ... É simplesmente divino e único. Eu e Hebe camargo ( o dela é muito mais novo que o meu) temos chuveiro de diamantes QUADRADO. Raríssimo! Coisa de rainha , né?

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  3. É isso aí meninas, alimentem o baú de tesouros familiares com suas histórias, por favor
    beijos orgulhos

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  4. Achei este texto maravilhoso, inclusive os comentário... quer saber??? Até chorei... Sabe, hoje eu tenho 29 anos, e graças à DEUS, percebi bem cedo o valor de pequenas coisas que dinheiro nenhum neste mundo paga. Tá certo que tive o privilégio de ganhar um anel lindo com três pérolas penduradas... Aff!!! Realmente muito linda... era de uma tia avó(tia Iracema). Tenho uma caixa cheia de papéis com declarações de amor de meus filhos, um grande tesouro e uma outra caixa com cartões, cartas e outros badulaques que ganhei de pessoas muito queridas... essas recordações são tudo pra mim, tempo tão bom, uma grande nostalgia se é que com quase trinta anos nas costas posso dizer isso.

    Bjokas Família Linda!!!

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  5. Que coisa mais gostosa ler palavras tão sinceras de alguem que compactua conosco de nossas valores. Seus filhos levarão essas lembranças com eles e juntamente com elas a emoção que permeia tudo e é aí que mora a verdade de nossas recordações, viu? Dize-las é torná-las realidade eterna, não é? Foi muito bom compartilhar com vc esse momento.
    Um beijão

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  6. Sempre que eu ia no quarto da minha avó Aurora, perguntava a ela se podia abrir seu guarda-roupas e simplesmente olhar. Foi meu avô quem o fez. Recebi de herança! Demoradamente mas está aqui, lindo na minha casa.
    O mesmo fazia com vó Hilda: pedia à ela que me emprestasse sua aliança, que eu achava maravilhoosa por saber que nela constava 3 datas: a do casamento, a das bodas de prata - que na ocasião vovô colocou um filete de prata e a das bodas de ouro. Nesse EVENTO, vô Dito cobriu com ouro o filete de prata. A aliança era a mais bonita que eu já havia visto, com um peso de 50 anos de história.
    Quando vovó morreu, tia Waldete grandiosamente me deu a aliança de casamento com as 3 datas e um B.A. gravados.
    Usei com responsabilidade e tremendo orgulho.
    Em 1995 um filho da puta entrou em casa e me roubou. Não só a aliança como um solitário de minha sogra.
    Só sobraram lembranças.
    Minha filha mais velha vai fazer 18 anos e nunca foi adoradora de berloques, fossem joias, fossem latas. Mas um tempo atrás me pediu de presente de aniversário uma joia, um anel, que ela pudesse usar, passar pra sua filha, que passará pra sua neta e a história continuará. E ainda me disse: "já pensou mãe, minha bisneta usando o meu anel de 18 anos???"

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  7. Minha mãe não se importava com jóias....usava só a aliança. As únicas peças que ela tinha são uma corrente de ouro fininha com uma cruz, um par de brincos e um anel em rubi e safiras, formando um conjunto que ganhou do meu pai de noivado e que hoje estão comigo, além da aliança dela e do papai que ele nunca usou, pois no ínicio de casados praticava esportes e ficou enroscado no aro da cesta de basquetebol quase perdendo o dedo ( bela desculpa...rsss). Mamãe nunca se importou. Dizia que se o garrafão era dela ...o vinho todos podiam beber. Mas as jóias mais preciosas que tenho são os escritos da mamãe ( que a caduca aqui não sabe onde guardou mas que nas férias, agora, vai procurar) e as lembranças de suas histórias e seus ditados. Verdade! Para tudo o que acontece comigo, lembro da mamãe dizendo alguma coisa que cai como luva! Chego a gargalhar sozinha. O Golias e o Thor levantam as orelhas, viram a cabeça, voltam a deitar como se dissessem..." o que aconteceu? tá louca? xiiiii!" Não só estou revirando o meu baú do tesouro.
    beijos

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