Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.

20 de set. de 2009

Como dizia tio Antonio: "Tô indo. Quem quiser que me acompanhe"

Foi no dia 20 de Setembro que nasceu Antonio Costa Pinto, o tio Antonio. Sem dúvida alguma foi uma das pessoas mais singulares que já conheci. E, (querem saber?) acredito que vocês concordarão comigo.

A frase acima era dita por ele sempre que queria nos levar para o Play Center ou para um tour de conhecimento ou de reconhecimento no local onde morava. Nunca o percebi com preguiça, cansado ou seja lá o que for que o impedisse de agir assim. Foi dessa maneira que conheci, especialmente Itajaí (e adjacências) e Feira de Santana, especialmente.

Era impressionante como conhecia cada fábrica, cada industria, cada clube, cada mercado; ia nos contando o que sabia sobre esses locais dando nomes, além de dar sempre diretrizes de como facilmente voltarmos para casa.

Hoje, adulta, percebo melhor o que significava tudo isso: uma forma de nos educar. Sim, afinal o que fazia nada mais era do que uma forma de nos situar no local, de mostrar como, no caso de nos perder, voltar para casa.

Que coisa legal! Agora realizei que foi dessa maneira que conheci e andava em Feira (pelo menos até a década de 90) com segurança pois até aonde era seu escritório, meus irmãos e eu, sabíamos.

Agora, infelizmente não tenho mais noção onde está o sul, o norte, nada mais por lá. Em maio, quando lá estivemos, só uns poucos locais reconheci e, entre eles alguns eram os marcos que meu tio nos havia mostrado. Impressionante. Se tivesse sido largada em qualquer lugar dos dias atuais estaria rodando, até agora, nos locais que meu tio nós mostrava com uma paciência de fazer inveja a qualquer .

Tio Antonio, não há dúvida foi marcante. Lembro-me perfeitamente dos almoços ao meio dia, cumpridos a risca, pois a pontualidade também era uma de suas características.

Ontem foi um dia no qual falamos muito dele, lembramos de episódios que só puderam deixar lembranças por que Tio Antonio nos deu oportunidade de vive-los. Minha mãe, por exemplo, lembrou-se do dia em que ele e minha tia, passando em casa a caminho de Itajai (como sempre fazia por onde passasse e houvesse parente), percebeu o profundo cansaço que nossa mãe vivia, e perguntou-lhe se não queria ir com eles para o sul e descansar. Comentou com meu pai e os dois a convenceram. Toda vez que menciona esse episódio reafirma ter sido uma das melhores viagens feitas. Tio Antonio fazia questão de deixá-la descansando chegando a ponto de não dar tempo dela querer algo pois sempre se adiantava.

Descansou como poucas vezes naquele viagem e até hoje é muito grata por isso. Relembrou também o dia em que ele foi almoçar em casa pois estava trabalhando próximo e, ao se deparar com o rosbife que ela havia feito ficou tão surpreso que disse: "Espera aí pouco, comadre, mas algo assim só pode ser saboreado com um vinho". Saiu e em minutos voltou com uma garrafa de bom vinho para acompanhar o almoço. Com atitudes como essa, tão simples, fez a ela um dos maiores elogios que alguém pode dar para uma dona de casa.

Na verdade recordo-me que esse era um comportamento típico dele para com todos que encontrasse, fosse onde fosse, mesmo em sua casa ou viajando com ele. Tive oportunidade de vivenciar isso muitas vezes.

Com ele nunca deixei de fazer algo que para qualquer criança ou adolescente, de qualquer época, é tudo de bom: Ir ao encontro de sorvetes! Ah! Não sei como ele sabia onde encontrar os mais deliciosos. E tem mais, por suas mãos descobri os pastéis do Mercado Municipal de Paraisópolis. Não dá para descrever esses encontros, só dá para recordá-los e sorrir, além de babar , é claro!

Perguntei para a Wanilda o que ela aprendeu com o tio Antonio e prontamente me respondeu com essas palavras: "Aprendi com o Tio Antonio: Dar carona e descascar laranjas - dá um prazer danado." Confesso que a principio achei sua resposta estranha... Mas ela me falou, "você não lembra, Wania, como ele descascava as laranjas para nós? Que perfeição! Descascava de um jeito tal que ficavam tão bonitas e apetitosas que não dava para dizer não. Nunca reclamou, ao contrario, sempre oferecia mais uma". Até hoje, Wanilda sempre pensa nele quando descasca laranjas para seus filhos ou quem quer que seja.

Um fato que acompanhei e participei foi o desejo que Wanilda tinha de que ele e tia Waldeneuza fossem padrinhos de seu casamento. Ficou triste mas compreendeu quando não puderam vir.

Na volta da viagem a Itajai com minha mãe, parou em casa para deixá-la, descansar um pouco e continuar viagem. E Wanilda que lá estava falou pra ele: "Poxa, tio, queria tanto que vocês abençoassem minha casa e vocês vão embora sem conhecê-la?" Imediatamente ele mudou de ideia dizendo que continuaria a viagem no dia seguinte.

Lembro-me da felicidade dessa minha irmã ao mostrar seu "apartamentinho" de casada e das palavras incentivadoras que ele e minha tia deram para ela e o Alvaro, além de suas bençãos.

Naquela noite, mesmo cansado, tendo de re-estruturar sua viagem após chegar de Santa Catarina, meu tio e minha tia mudaram seus planos para jantar uma bela macarronada e fazer mais uma vez uma sobrinha feliz.

Sinto falta dele!

Parabéns, tio, pelo seu aniversário onde quer que esteja.

Sua benção.

8 comentários:

  1. Umas das coisas que mais me marcaram no Tio Antonio era quando ele chegava na Fazenda, a primeira providencia era arrumar o "poção", limpar as margens e o caminho, para que pudéssemos ir pra lá em segurança. Foi uma infância feliz a nossa. Hoje a tecnologia e a segurança, não permite que nossos filhos tenham esses simples prazeres da vida.

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  2. Dele guardo a alegria! Sempre alegre. Não havia tristeza ao seu lado. Ele espantava..xô!
    E também, como a Wanilda, aprendi a descascar laranja.
    Saudades

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  3. Lembro-me do Antonio da Waldeneuza lá na casa deles no bairro de Santana aqui em São Paulo...
    Sempre alegre, é bem verdade isto!
    E ótimo anfitrião! Aliás, mérito dos dois, tanto do Antonio como da Waldeneuza.
    Como era bom encontrá-los e aos primos! Era uma festa!
    Lembro-me... também com saudades!
    Beijão, Primos, e muitas lembranças daqueles nossos tempos! Parabéns ao pai querido de vocês!
    Eloina

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  4. Eu também só tenho coisas boas, na memória, referente ao seu Antônio, meu querido sogro.
    Sempre que íamos visitá-los em Feira de Santana, ele nos esperava com uma alegria contagiante e preparava tudo o que gostávamos para comer, programava os passeios e nos acompanhava sempre que possível. Quando vieram os netos então.... Ele adorava os netos. Tratava a todos com o mesmo carinho e fazia todas as vontades. As netas aqui do sul nunca esquecem dos momentos que passaram com o avô. Foram poucas vezes, mas ótimas recordações. Ele também tinha um carinho especial por nós, suas noras. As últimas férias que passamos com ele foram numa casa, alugada por Kênya e Jorge, numa praia em Salvador. Ele já tinha algumas limitações quanto a alimentação e bebida, mas fazia questão de preparar uma gigantesca caipirinha e levar para suas noras e filhos, na areia da praia. Fazia aquilo com tanto prazer que nos emocionava. E era pontual. Às 11 horas podíamos olhar para a calçada que lá vinha ele, lentamente, com passos lentos e um belo sorriso, segurando um enorme copo transbordando de caipirinha. Lembro também do quanto ele gostava de queijos. Ele sabia reconhecer um bom queijo. Quanto às laranjas acho que todo mundo se lembra. Aqui em casa temos um herdeiro, o Kleber, que descasca as laranjas tão bem quanto o pai. Faz também com o maior prazer. Obrigada, Wânia, por nos trazer tão belas lembranças. Parabéns seu
    Antônio!

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  5. Tambem tive poucos momentos com tio Antonio, mas que guardo com muito carinho em minha memoria.
    Uma das vezes foi quando fomos para casa de Dalva e Kleber em 197... não me lembro o ano com certeza.
    Foi quando aprendi a nadar, na casa de praia do Chico.
    Lembro da pasciencia que tinha comigo, em conversas no final da tarde, na varanda da casa.
    Lembranças boas, e melhor ainda de relembrar, tempo bom, exemplos que devemos agora colocar em prática com nossos filhos, sobrinhos e quem mais precise de uma boa laranja descascada, um bom papo ou ainda uma exelente caipirinha.
    Parabens tio Antonio

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  6. Obrigado Wania, Katya, Fernanda, Laura, Eloina, Wander e também a minha eterna companheira Dalva,....................

    Obrigado também ao meu Pai e Companheiro e Grande amigo Costa Pinto por Eu existir.

    Descascar laranda bem descascada, requer uma paciência que poucas pessoas tem. Elas tem que ser descascada sem nenhuma ferida, sem nenhum corte, para que depois de cortar a tampa possamos chupá-las com gosto. Wanilda sabe bem disso. Saudades Wanilda & Álvaro e sobrinhos.

    Lembranças de todas vocês, Eloina contou sobre a Rua da Aviação no Bairro de Santana em São Paulo. Era a rua de entrada para o Campo de marte. Hoje tem apenas um trechinho. Mas a nossa velha casa da últimas vez que por lá passei, ainda estava lá. Com uma frente bem pequena, mas grande em seu comprimento. Cabia quantas pessoas que por lá pedisse abrigo. Era só colocar cochões pelo chão, naquele corredor comprido e na sala. Bons tempos. É Eloina, o tempo passa. Estou hoje com os cabelos bem grizalhos. Lembrança do Milton, basquete na cesta nos fundos da casa de vocês. Bons tempos que não voltam mais.
    A vida é assim mesmo. Os Costas Pintos da vida, nos fizeram nascer, nos criaram, nos educaram e nos colocaram na vida. Depois de cumprida as suas tarefas nos deixam para que possamos cumprir a nossa parte. Infelizmente ou felizmente, estou separado do resto de minha família. Eu aqui em Itajaí - SC e o restante em Feira de Santana - BA. Por lá estive por duas oportunidade, uma para me despedir do Seu Costa Pinto e em outra para me despedir da Dona Walda. Não consegui estar lá para me despedir do meu irmão Kauss. Mas estive com ele dois dias antes de ele nos deixar.
    Todos eles estão olhando por nós.
    A sua benção meu PAI.

    Beijos para todos.
    Kleber.

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  7. Nessa viagem da Tia Waldete para SC, eu, com uma alegria irradiante, estava junto!! Fomos de Dodge hatch, em 6 pessoas. Já contei essa viagem aqui. Lembro que meu pai adorava Tio Antonio, e era ele, nas festas da fazenda, quem ajudava o tio a curar as bebedeiras. Teve uma vez, que ele e Tio Wilton foram - empurrados e amparados pelo papai e acho, Tio Wolney, curar o porre na cachoeira fabricada por um tubo. Mamãe tem foto!!

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  8. A minha maior e melhor lembrança do Tio Antonio foi na fazenda faltando um mês para festa das bodas de ouro do Vô Dito e Vó Hilda; eu, alguns primos e alguns CAGADOS da época ficamos sob o comando dele com a missão de deixar a fazenda super linda para o dia da festa, não foram dias faceis, estávamos em dez ou mais pessoas para acompanhar e servir de ajudante dos pedreiros e empregados que faziam a reforma da fazenda, não me recordo de todos, só guardo a memoria da farra e da autoridade que o tio impunha sobre a gente, estavamos em ferias, inclusive ele, foi por isso que procurou tomar a responsabilidade sobre um bando de moleques, uns adolescentes outros já adultos mas todos loucos de vontade de fazer qualquer coisa, ir para cidade ver as namoradas, os amigos, pegar um baile no recreativo enfim, tudo menos fazer reforma em fazenda, mas pela dedicação e jeitinho, ele conseguiu nos envolver naquela empreitada, ficamos as ferias dedicados somente a isso, o tio nos levando naquela conversa:- Vamos lá pessoal, vamos acabar esse serviço e descansar, vamos comer pastel, tomar cerveja, ver as meninas,é só mais esse pouquinho pra limpar e a gente para. Recordo que um dos pouquinhos era varrer o terrerão de café e pintar os filetes em volta das pedras do muro, foram dias e mais dias trabalhando numa boa, sempre rindo brincando e no fim participamos daquela festa maravilhosa.

    Qualquer dia desses eu anexo o filme, ruinzinho que gravamos das bodas, mas que vai servir para quem não esteve conhecer como foi bom curtir uma semana de festa entre parentes e amigos,
    Falta uma ediçãozinha e mando procêis, ok?

    Beijo a todos e abenção meus parentes que já se foram mais sempre ficarão muito próximo da gente.

    beijos,

    André

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