Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.

25 de mai. de 2009

Foi um caso de amor!

A morte assim como a vida me fazem pensar muito. É impressionante o que descobrimos tanto com um quanto com outro. Que isso fique muito claro para vocês jovens familiares que talvez naõ tenham vivido coisas que vivi, senti e que só se tornaram (ou ainda se tornam claras) quando a morte se apresenta. Porquê? Diante da morte a gente se põe a pensar e a ouvir coisas que nos esclarecem outras. Um exemplo concreto: Na noite que tomamos ciência da morte de nosso tio Wolney. Enquanto buscava por e-mails de parentes que estivessem acordados entrou em minha caixa postal um e-mail da Eloina (nosso lado Brandão, lembram-se?). Respondi pedindo para que avisasse os parentes do lado dela e avisei que a mamãe não saberia naquela noite. Meus irmãos e eu sempre ouvimos nossa mãe dizer que notícia ruim nunca se dá a noite (não adiantará nada saber o que não tem solução) e que ela foi feita para dormir. Em seguida a Eloina ligou para minha casa e perplexa disse-me que não conseguia pensar como estaria a Olga, a tia Olga, esposa dele. E foi relatando fatos que me fizeram tomar consciência de coisas que até então estavam soltas dentro de mim. A frase que disparou isso foi: "Não eram marido e mulher, Wania. Era muito mais. Era um caso de amor dizia-me ela, eu acompanhei de perto a relacionamento dos dois e aquilo não era comum. Lembro-me do dia em que ela com mais ou menos dezessete anos escreveu um telegrama para ele com a palavra SAUDADE, SAUDADE, SAUDADE e ele tomou um onibus e foi para BH para responder pessoalmente". Ficamos as duas pensando sobre a dor da Olga e seus filhos que participaram desse caso de amor e ficamos tristes, muito tristes. Passei o dia do velório inteiro tentando contar para as pessoas que estávamos velando também um caso de amor e que deveríamos ter respeito em dobro pelo que viveríamos. As circunstâncias não me deixaram falar, contar, mas não deixei de pensar. Os dois realizaram uma das coisas mais almejadas pela humanidade: Um caso de amor que durou décadas até que a morte os separasse. Não me lembro de meu tio sendo ríspido ou impaciente com a Olguinha; nunca os vi sem se fazerem carinhos sutis eventualmente, sem se apoiarem, sem ficar juntos. Ele brincava com ela e muitas vezes até encabulada ela ficava com um gracejo ou elogio público. Lembro-me que nas férias escolares Olga com os filhos iam visitar seus pais/avós em Belo Horizonte e que, nesse meio tempo, meu tio sempre fazia algo na casa deles como surpresa para quando ela chegasse. Achava aquilo tão legal. Ele sempre queria agradá-la, surpreende-la e para tanto a cortejava o tempo todo. Só realizei isso com a frase da Eloina. Meus tios viveram um caso de amor mais do que tudo. Isso reforça uma tese particular de que há sim casos de amor até que a morte os separe. Há sim união atraente, gostosa, respeitosa e profundamente agradável entre casais e que na verdade, não duram só alguns anos não; duram muitos anos, duram mesmo após dificuldades, tristezas, decepções e seja lá o que for. Duram por que o amor dura quando é tratado com a dignidade. a delicadeza e a dedicação que esse sentimento exige. Obrigada tios. Não só por nos demonstrar isso mas como também por nos fazer acreditar que é possível e que não é banal como tentam nos impor hoje em dia.

14 comentários:

  1. Wania,
    Você colocou em palavras o que sinto em relação aos nossos tios Wolney e Olga. Eles realmente viveram um caso de amor e isso fez com que a tia Olga envelhecesse sem ficar "velha", pois o amor deixa o coração leve, sem amarguras e traz esse beneficio. O amor deles também me inspira e faz com que acredite que os casamentos poderão durar pra sempre.
    Quanto a Eloina, quanto tempo não a via, mas ela fez um comentário que me fará pensar sempre na minha postura e atitude frente os outros quando ficar "velha" (ainda não sei qdo e se me sentirei assim): "temos que ser pessoas de fácil convivio, agradáveis, leves...".

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  2. Waninha,
    Eu não teria palavras melhores ou mais acertadas do que as suas. Os tios Wolney e Olguinha sempre foram referência para o entendimento do "eternos namorados"...o amor vence todas as dificuldades e na eternidade é confirmado.
    beijos

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  3. Descobri mais um talento na Eloina, além da perfeita dicção que sempre teve,que é a capacidade de dizer coisas maravilhosas em momentos diversos. Ou seja, uma preciosidade.

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  4. Um caso de amor!!!! Tantos procuram, poucos acham! Eles foram privilegiados.
    Uma vez a Olguinha, sentada na cama e eu deitada, daquele quartinho que ficava perto do vovô, aquele que a Rosa dormia, não sei... só sei que cabia uma cama e uma cadeira... lembro uma vez ela falando do Tio. Já era casada faz tempo, mas falava com tanto amor que eu olhava para ela embevecida com o carinho que era dito aquelas palavras...
    Tenho tantas lembranças boas deles dois :(

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  5. Á 22 anos, mais precisamente na sala do apto da Tia Olga e Tio Wolney, no dia 09 de Maio de 1987, foi a primeira vez que saimos eu e a Vá, para irmos em uma festa de 15 anos.
    A Vá estava com vestido vermelho, batom da mesma cor, eu estava de fraque, e cabelo.
    Depois de quase a Flávia ter costurado o meu pescoço junto com o ultimo botão da camisa branca.
    No dia 05 de junho começamos a namorar e fui busca-la novamente na casa do Tio Wolney e Tia Olga, os quais torciam muito para que tudo acontecesse bem.

    Obrigado por tudo desde o inicio, e até hoje

    beijos da afilhada e do sobrinho

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  6. Lindo, Wander. Você tirou da memória algo que seus filhos irão gostar de saber. Tenho certeza. Eu estou aqui a tanto tempo e fiquei feliz com mais essa surpresa e com a sensibilidade com que a relatou. Um beijo na Val e nas crianças. Cuidem-se!

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  7. Tio Wolney sempre esteve presente na minha vida: nos momentos alegres e também nos bem difíceis. E era a única pessoa no mundo que sempre , desde que eu era pequenina , me chamava de Sá Maria.



    No dia 20 de dezembro de 1980 foi me buscar em casa, para me conduzir até a igreja. Era dia do meu casamento! Quando cheguei na sala , rodopiei e perguntei se eu estava bem. Ele me disse: Sá Maria, cê ta bonita!! Como todo tio carinhoso, exagerou para me deixar feliz! Levou-me até o seu carro ( um Alfa Romeo mega chic! ) abriu a porta pra mim e fomos , com ar condicionado ligado ( para a maquiagem não derreter) conversando sobre as minhas expectativas . A madrinha Wania atrasou e ele deu voltas pelas ruas próximas à igreja para que eu não ficasse nervosa! Fazia piada, brincava . Delícia!



    Quando voltei da lua de mel, foi o primeiro tio que visitou minha nova casa. Olguinha e tio Wolney sentaram no chão ( não tinha móveis na sala – só almofadas) e, mais uma vez ele comentou: Sá Maria sua casa é uma delícia!! ( a minha casa deliciosa era um apartamento de 32 m2. )



    Nasceu minha filha Aline, e, quem entra no quarto depois de 12 horas do meu parto? Tio Wolney e Olguinha. Comentário: Sá Maria, parabéns , Aline é lindinha!



    Festa de 1 ano da Aline. Onde foi? Na casa do Tio Wolney e da Tia Olga . Nascimento do meu filho Arthur: Quem foi na na maternidade preocupados comigo porque eu havia tido um parto muito difícil? Tio Wolney e Tia Olga.



    Enfarto do Alvaro! Como não pode ser diferente , Tio Wolney foi no hospital ver se estava tudo bem com meu marido e se eu estava precisando de alguma coisa?



    Quando fiz cinqüenta anos: Quem foi me abraçar ??? Tio Wolney e Tia Olga.

    Ficaria uma semana listando os momentos importantes que tive na vida , com o Tio Wolney junto...

    Saudade!!

    Wanilda

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  8. Queridos Parentes,
    Ontem falando com a Flavia por telefone, ela me deu um toque pra que entrasse no Blog. Mais tarde, na missa do meu pai, a Waninha também perguntou se nós já tínhamos acessado. Acabo de ler as postagens e, confesso, tá difícil segurar as minhas lágrimas.

    Eu reconheço meu pai em cada comentário e em cada passagem que vcs relembraram... Ele era isso tudo mesmo e muito mais... Um homem muito especial, amigo para todas as horas, sábio, espirituoso, forte, digno, um verdadeiro exemplo pra mim e meus irmãos, eterno enamorado da minha mãe. Enfim... lindo em todos os sentidos!

    Tá sendo muito difícil imaginar a nossa vida sem ele... me sinto completamente vazia, com um frio no estômago permanente, o coração apertado, cheio de tristeza e uma imensa saudade.
    O que mais nos conforta, além do carinho dos amigos, é saber que esse grande homem que foi meu pai é membro de uma família maravilhosa que hoje, graças a Deus e um empurrãozinho da Flávia, se encontra unida de novo... e como isso o deixava feliz! Vcs não podem imaginar o quanto ele ficava satisfeito em saber dos nossos encontros e como gostou de ter participado do último. Eu agradeço a cada um dos que escreveram sobre ele. Dá para sentir em cada texto o carinho que sentem e isso nos comove demais... Obbrigada! Por enquanto é só o que consigo dizer... beijos para todos... Amo vocês! Ju

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  9. Wanilda,
    Lindo o que você escreve! Saboreei cada palavra, e confesso-lhe... chorei.
    Estou aqui lendo cada um dos comentários dos queridos primos, e tudo o que leio me comove.
    Sim, meus queridos, o Wolney é uma pessoa muito especial, alguém muito forte, muito marcante. Unido à Olga formaram uma parceria inestimável, inesquecível, inquebrantável.
    Eu sei que Olga para sempre será Wolney, e Wolney para sempre será Olga.
    Também sei que para sempre este maravilhoso CASO DE AMOR estará presente em meu coração.
    Obrigada Wolney, obrigada Olga por vocês existirem, obrigada por sua LIÇÃO DE AMOR.

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  10. GENTEM!!!
    ACHO Q/ JÁ POSTEI ISSO Q/ VOU FALAR AQUI AGORA.
    MAS TD BEM.
    LEMBRO DE UM EPISÓDIO NA FAZENDA Q/ NÓS OS SOBRINHOS MAIS NOVOS RESOLVEMOS FAZER UM JORNAL, DEPOIS UM TEATRO, AQUELA ESTÓRIA DE PRIMO RICO, PRIMO POBRE.
    FICOU TÃO ENGRAÇADO, Q/ TIO WOLNEY, NÃO SE AGUENTAVA DE RIR.
    GOSTAVA MTO DE QDO NOSSOS TIOS RIAM COM GOSTO.....

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  11. Ju querida,
    Depois de um recesso necessário e forçado, lendo tudo que ainda não havia lido, me emociono com relatos lindos de pessoas lindas. Um deles, seu!
    Jamais teria sua sabedoria, jamais seria capaz de ter seu dicernimento em dizer coisas lindas como disse, numa hora dessas...
    Gostaria de ter o poder de acalentar as dores de quem amo, numa hora dessas. Você com sua sapiência, ao mesmo tempo que se sente grata, nos deixa encantada com seu lindo depoimento.
    As lembranças são muitas... como o André bem colocou, sobre um apartamento abaixo do nível da rua, no Alto de Santana, logo quando seus pais casaram. Quantas coisas boas passamos alí, na companhia dos seus pais.
    Lembro tão bem quando Guto nasceu. Alí, naquele apartamento... meu pai enchia a Kombi e iámos todos para lá, ver o "Alfredo Augusto". E eu, maternal como sempre, não queria tirar ele do colo e não deixava ninguém pegar também.
    Sempre fui assim, "tipo" Tia Wayne, com os todos "nenêns" (ninguém podia tocar)
    Tenho aqui uma foto desse meu "cuidado" com o Guto.
    Foram encontros muito alegres naquele apartamento. Olguinha sempre com um sorriso nos lábios, com aquele seu "picarro" que sempre achei um charme!!!!
    Apesar de estar longe fisicamente, sei que todos que me conhecem bem, sabe o quanto estou sentida com a partida do tio. Sintam-se abraçados com todo meu carinho e amor. Você, Guto, Déia e principalmente sua mãe.

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  12. Queridos Guto, Ju, Déia e amada tia Olga

    Uma lembrança muito particular e sem testemunhas é a que tenho do Tio Wolney.

    Estava um dia bonito na fazenda, em julho, e lembro que eu estava saindo da cozinha da Casa Grande e começava a subir os degraus de pedaços de tronco em direção ao chalé onde, na varanda, estavam o tio e alguns convidados, que sinceramente, não me recordo quem eram. Contudo, um deles também conhecia o meu pai pois, no percurso, ouvi a voz rouca do Tio dizer para aquele que estava ao seu lado: O andar é igualzinho ao do pai! É o burricão outra vez!!
    (para quem não sabe os dois só se tratavam por burricão. Uma forma crítica e mútua de demonstrar respeiro pela personalidade um do outro)

    Eu devia ter uns 12 anos. Hoje, com 42 eu ainda tento seguir os passos de meu pai. A frase, no momento em que foi proferida, deixou o menino que subia as escadas cheio de orgulho por parecer com o seu pai no modo de andar. 30 anos depois a frase serve para lembrar ao homem por onde andar e como agir. As vezes me desvio do caminho, porém as palavras que nunca me abandoram a memória corrigem-me a rota e enxergo meu pai apontando a direção. Agradeço ao Tio por isso!!!

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  13. Querem saber? Estou muito feliz com a participação de voês nesses últimos posts. Eis aqui a demonstração sincera, espontânea e carinhosa de como nos sentimos diante do que nos abate. Isso é família.
    Abenção, tio Wolney.

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  14. É difícil e nem conseguiria colocar em palavras toda a minha admiração pelo tio Wolney.
    Chorei ao ler tudo que escreveram sobre ele e fico ainda pior pensando na dor da minha "linda" tia (convenhamos tia Olga é linda até na dor)e meus primos queridos...Tio Wolney saudade...

    Tia, Déia, Ju e Guto um grande abraço apertado

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