Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.

9 de jan. de 2009

Hoje vou dormir mais feliz

Encontrei minha prima Katya que veio me salvar de uma porção de coisas, inclusive de cometer algum deslizes em nossas memórias. É importante que todo saibam que o objetivo primeiro é deixar registrada uma serie de fatos para que os jovens (zinhos), nascidos há pouco tempo, tenham uma visão mais clara do que foi e sempre será nossa familia. E quando me refiro a familia quero dizer o Grande Clã. É necessário dizer que aprendemos muito com nossa familia, nos divertimos muito e o conhecimento adquirido nos ajudou a enfrentar uma serie de coisas e situações, tanto boas quanto ruins até agora... Em nossa familia não temos problema com a palavra conselho pois sempre demos e recebemos, mesmo sem pedir. Foi assim que aprendemos. Era estranho mas achávamos muito legal ficar sentados no chão da sala da fazenda ouvindo os mais velhos conversando. Eles eram muito engraçados. Hoje, acredito que muito do que falavam era direcionado a nós mesmos para nos ensinar uma serie de coisas atraves de "causos", fossem alegres ou não, mas que no fundo eram conselhos. A moral do causo em questão soava como se dissessem "Isso se deve fazer mas aquilo nem pensar" Nas familias grandes existe uma hieraquia rigida muito interessante. Em primeiro lugar vinham nossos avós quando nos juntávamos, pois até nossos pais se comportavam diferentes. Vou falar um tiquinho de nossos avós, pais de minha mãe e tios (os outros 11). Eles tinham um jeitão todos proprio de ser: Nosso avô Benedito era a última instância, ou seja, quando as coisas (ou informes, fofocas, intrigas, etc.) chegavam até ele, imediatamente fazia com que todo mundo ficasse quieto. E no silêncio, o que prevalecia era a sua decisão. Acho que nunca vi ninguém ter tantas decisões no bolso. Ele falava e era a lei. Acabei de me lembrar de algo, um tanto constrangedor, que aconteceu comigo e ele. Era um final de semana e eu tinha ido para a fazenda me sentindo bem mal. Estava com uma baita assadura. Não sabia que adultos tinham assaduras e a todo instante eu ia ao banheiro para ver como estava. Numa saida do banheiro encontrei meu avô sentado, e olhando para mim perguntou o que estava acontecendo. Eu, muito vexada, disse que estva com uma assadura que estava ardendo muito. Nunca me havia imaginado falando para meu avó das minhas partes baixas... Estava querendo sumir. Ele se levantou calmamente em direção a um armariozinho dizendo: "Tenho a solução aqui, minha filha. Está vendo essa pomada? Ela é de vaca e é excelente". Mas vô, tentava dizer para ele, como vou passar uma pomada de vaca? Sem me dar a menor atenção continuou dizendo: " Vá ao banheiro, esprema um tiquinho dela e despreze; depois aperte bem e passe em toda a assadura que amanhã estará boa" . Não consegui dizer nada, muito menos o famoso: "Eu não! Passe você". Em primeiro lugar ninguém ousava falar com meu avô assim e, em segundo, estava doendo muito e se meu avô dizia que era bom quem era eu para contradizer... Fui ao banheiro e mesmo com certa aflição passei a tal pomada de vaca. No dia seguinte eu não tinha mais nada de assadura. Sumiu sob o efeito da pomada de vaca que até hoje não sei o nome. Amanhã continuamos, certo? Certo. Para quem não sabe o animal aí é uma vaca.

8 comentários:

  1. Pois é, hoje em dia talvez existam circuntâncias como esta que você relata tão fielmente, mas que aos meus olhos, pelo menos, não são com tanta intensidade como "lá" ( isto para não dizer: nos nossos tempos, pois fica parecendo que somos de outro mundo ) Como era denso o carinho que nos era imputado por nossos avós... Seu relato me fez lembrar de quando quebrei meu braço, escorregando no curral, de tarde ( o que raios eu estava lá naquela hora? ) o braço bateu em uma quina de pedra e partiu o rádio (isso parece letra de música... "ela deu o rádio" lembra?) saí gritando que nem uma louca para dentro da sede, e a vovó vendo aquilo, pegou um balde de sal, um pedaço de pau, e um pano, não me pergunte que pano era... pois ela com sua sabedoria única, fez uma caminha com o pano, derrubou o balde ( era do tamanho de uma latão de tinta ) todo na cama de pano, pegou o pau, amarrou no pano no pau... imagina a cena, um braço de uma criança de 11 anos, maior que seu próprio corpo, mas o braço ficou duro de novo!!!!
    Chamou tia Wenilze e a Didi (Elidia), para descer a serra a PÉ!!!!!!!!!!!! até o asfalto, pois na fazenda não havia nenhum carro na hora!
    Bom, estou divagando, mas o intuito é falar sobre o SAL. Não havia sangue. Apenas (?) um osso dicomunalmente fora do lugar. Mas minha sábia e boa avó, tinha certeza de que precisava de sal! Causos da Fazenda Santo Expedito.
    Por falar em sangue... sangue foi mesmo no dia em que o André levou um coice do cavalo na boca.... uiiiiiii alíiiiiiiiiii eu ví o sangue, ou melhor, vi nada, fechei o olho e comecei a chorar junto com todo mundo!!!
    Mas isto já uma outra história, o coice do cavalo do André, que provavelmente também houve um remédio antes do médico...

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  2. Fiz um comentário e ele sumiu...
    foi pro brejo que nem essa vaca aí da foto!

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  3. "Seu comentário estará visível depois de ser aprovado."
    Tá certo!!! Manda quem pode, obedece quem tem juizo!

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  4. Tatinha (Esse é um dos apelidos da Katya, para quem não sabe..., Tem uns lerdos que não estão associando você ao seu apelido).
    Genial sua lembrança. Mamãe e eu não paramos de rir o tempo todo. É impressionante nossa capacidade de superação, não é?
    Você me fez pensar? Por que será que a vovó usava tanto SAL, não é? Acabei de pergintar para a mamãe e ela disse: "Sei lá, minha filha. Vai ver, naquela distância não tinha outro jeito". Que delícia de resposta, não?
    beijos
    Wania

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  5. Todos nós temos historias com o sal da vó...eu não experimentei muito, pois era muito ajuizada, mas a Flávia sente até hoje o quanto ardia a mão da Vó com aquele sal todo.

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  6. Clã: o sal é excelente cicatrizante! Uma vez desbarranquei, juntamente com Alfredo Augusto, e fomos parar lá embaixo, onde ficava a cocheira dos cavalos - "embaixo" da piscina. Ralamos tuuudo. Quando chegamos à sede, Vó Hilda pegou o pote de sal e esfregou com tal veemência no meu cotovelo, que me senti obrigada a ficar calada sobre a dor que estava sentindo no osso da bacia. Entrei naquele banheiro imenso e ensolarado, baixei minhas calças e lá estava meu ossinho branco ensanguentado. Chamei a Rosa e pedi encarecidamente pra ela fazer um curativo e não falar nada pra Vó. Imagina meu osso sendo salgado? Aii... Tenho a cicatriz até hoje, mas no cotovelo não tenho absolutamente nada - apesar da extensão da lesão - graças ao sal!

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  7. A vó usava açucar tambem, dependendo do caso

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  8. MAS MUDANDO DE PATO P/ GANSO, UMA VEZ O VÔ PEGOU UM PAPEL COR DE ROSA, DAQUELES DE TINTURARIA, E DESENHOU P/ MIM E A FER, UM HOMEM SENTADO NO PINICO, CAGANDO, O TROÇO APARECIA NO DESENHO.RSRSRS. A VÓ VIU AQUILO E FALOU: BINDITO, ISSO É COISA Q/ SE MOSTRE P/ AS MENINAS?

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