Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.

10 de nov. de 2010

Diagnóstico: Um fosforo queimado

Mais do que um diagnostico a certeza de um caminho ao diagnostico. Finalmente, após vários anos tentando me analisar para entender o que se passou e passa comigo, sinto que estou no caminho certo para a cura de minha depressão. Estou muito feliz com isso.
Sentir e viver depressão não é fácil para ninguém. Me senti menor, achatada, espremida mais parecida com uma depressão geológica do que com questões fiscos/emocionais ou advindas do estresse, outra palavrinha “mardita”.
Não há coisa pior do que se sentir mal, diferente, a ponto de não se reconhecer em ações banais do dia a dia e não saber o que se tem. Sim, pois eu sentia que havia algo mais... É muito ruim perceber que nos isolamos por nos sentir chatos (assim acreditava eu), que nos tornamos uma pessoa sem sal, sem açúcar e sem vontades. Eu diria que hoje estou 85% certa do que tenho.
Que doença é essa que me fez envelhecer rapidamente pois ainda era para estar com 35 anos? Que doença é essa que me tolheu, me fez não lutar contra absurdos direcionados a mim, que me pôs de cama, sem vaidade, sem vontade?
Ah! Como foi difícil, doloroso e cansativo. Os sintomas são claros pois os senti com intensidade: engordar ou emagrecer sem fazer o menor esforço, sudoreses atípicas, esquecimentos, dificuldade para pronunciar e escrever determinadas palavras, sensação de descrença total em meu trabalho e na minha capacidade de fazer, além da sensação de inutilidade e de desilusão havia a falta de sensibilidade para qualquer coisa, motivação zero, um cansaço, uma exaustão fenomenais que me lembravam sistematicamente o Arpege (cavalo da fazenda com exaustão que se recusava a se levantar; sempre o tive como um animal inteligente e sensível).

Tenho em meu computador uma serie de artigos sobre a síndrome que adquiri que se chama “burnout' ou “burn out”. (Uma das coisas interessantes em relação a essa doença é que muitas vezes vi um fosforo queimado no meio de outros como forma de representação gráfica e acredito seja muito adequado pois realmente sentimos a cabeça queimada e ardida). Esse nome inglês designa ou significa combustão completa e esta incluída no rol das doenças mentais relacionadas ao trabalho.

Bobagem? NÃO! É serio. A pesquisa sobre isso remonta os anos 70.
Segundo consta foi a terceira maior causa de afastamento de profissionais em 2009, segundo dados da Previdencia Social (Folha de São paulo, 02 de novembro de 2010)
Segundo a psicologa Ana Maria Rossi, presidente no Brasil da Isma (International Stress Management Association) entidade que pesquisa o “burnout”, a síndrome é bem mais que o estresse e não pode ser confundida pois é um transtorno psíquico que une esgotamento e desilusão.
Bom, mas por que estou escrevendo tudo isso? Escrevo pois sinto que começa a dar frutos minha terapia, graças a clinica da Puc-SP e a psicologa e pesquisadora  Drª Cibeli Luz (profissional de mão cheia) que me mostra a possibilidade de encontrar paz de espirito através da terapia. Sempre acreditei em terapia no sentido clássico da palavra e comprovo isso mais uma vez.
Nesses dois ultimos anos desempregada não tive como fazer meu curriculo pois me considerava uma fraude, interessante, não é? Na semana passada eu fiz e não estou angustiada, não é bom?
Decidi repartir isso com vocês pois temos uma família um tanto quanto obcecada por trabalho e pela dedicação exclusiva a ponto de perder nossas relações com a própria família (vide Wania). Isso está errado.
Como o proposito desse site é mostrar exemplos educativos para nossos parentes menores de nós mesmos quero que acreditem que trabalhar a ponto de perder seu amor próprio não é bom, ao contrario, é mau e faz doer muito.
Não sarei mas estou sarando e já começo a sentir felicidade com tal evento. Não deveria deixar-me ficar do jeito que fiquei mas foi mais forte do que eu. Não deixem que isso aconteça com vocês, tá?

P.S. Ficarei mais algum tempo sem internet e quer saber? sem lamentos dessa vez.

6 comentários:

  1. Aprendi , a duras penas, que momentos bons e também os terríveis passam...e como passam ...passam mesmo... É isso ai, minha irmã! Vai dar tudo certo! Novas e maravilhosas oportunidades aparecem se a gente coonsegue deixá-las surgir! bjs

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  2. Wania,
    Fico feliz por voce...sinceramente feliz...e por todas as pessoas que convivem com voce e voltarão a desfrutar de toda a sua capacidade, tanto fisica quanto mental.
    Com certeza, tudo nessa vida passa. Aproveite seu recente auto-conhecimento e ponha-se em alerta para a depressão. Ela é ciclica, mas se estamos atentas, ela tenta, mas não a deixamos tomar conta de nós novamente.
    Curta sua mãe, seus sobrinhos, principalmente as crianças...elas são uma alegria e um alento de que o mundo ainda tem jeito.
    bjs

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  3. Obrigada a voces e aos que me escreveram diretamente. São de alavras assim que precisamos ao longo de nossas vidas.
    beijos
    Wania

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  4. É... fósforo queimado!
    A coisa é por aí...
    É... Então... Não é que é?
    Todas as minhas reticências sei que são traduzidas por você perfeitamente, Wania.
    Como eu entendo estas suas colocações. Ah, como entendo!

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  5. Entendo também. E também sei que ela nos ronda a todo instante.
    E a bostinha não só se instala nos workaholic. Ela pega donas de casa também!!
    A Fer falou e disse: FIQUEMOS ALERTAS!
    Eu estou!
    Não é fácil, mas também não é difícil!
    É, não é??

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  6. Relutei, relutei...resisti. Fiquei sem tempo de escrever aqui, pois tinha alguns trabalhos e relatórios para terminar. Isto lembra alguma coisa?! Não conseguia escrever porque as palavras teimavam em fugir como se o que fossse escrito pudesse marcar como ferro em brasa e a dor voltasse. É um processo doloroso, mas Graças a Deus tem fim!
    beijos

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