Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.

10 de set. de 2009

Limites X Filhos

Recebi este texto, enviado por minha irmã, assim como todos nós que fazemos parte do grupo “primaradaecia”. No entanto, nem todos que nos visitam fazem parte deste grupo. Daí achar interessante o compartilhamento.
Agradeço por ter em minha família pessoas ligadas a educação. Estou sempre aprendendo com eles coisas muito boas. Fiquei intrigada e curiosa sobre quem havia escrito o texto, excelente, com relação aos “nossos filhos”.
Nunca havia escutado nada sobre “a educadora” e na internet, para minha surpresa, fiquei sabendo que é uma cantora argentina, radicada na Espanha.
Uma cantora dedicada as canções tradicionais sefarditas (sefarditas é o termo usado para referir-se aos descendentes de Judeus originários de Portugal, Espanha, etc), e que nada tem a ver objetivamente com a educação em si.
Vejam só como são as coisas, não? Uma cantora com uma bagagem excelente sobre Limites X Filhos. Eis aí um belo conteúdo para uma boa reflexão :
"LIMITES"
Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. E com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreensivos mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história. O grave é que estamos lidando com crianças mais "espertas", ousadas, agressivas e poderosas do que nunca. Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ter, passamos de um extremo ao outro. Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos. Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos. Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E o que é pior, os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com o respeito. À medida em que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais. Mas, à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitem. E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E além disso, os patrocinem no que necessitarem para tal fim. E seus palpites também. "Exercem pressão para direcionar a trajetória dos pais, para que isso não atrapalhe seus planos futuros". Quer dizer: os papéis se inverteram, e agora são os pais quem tem que agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado. Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para ser os melhores amigos e "tudo dar" a seus filhos. Dizem que os extremos se atraem. ("muitos filhos talvez não tenham a devida força para o enfrentamento dos obstáculos da vida, tal a facilidade que os pais lhe proporcionam".Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles. Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter, e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão. Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca. Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade. É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino. Os limites abrigam o indivíduo. Com amor ilimitado e profundo respeito.
Texto de Monica Monasterio-Madrid-España)
Lendo o texto acima, lembrei deste, de Khalil Gibran, do livro "O Profeta"
Os Filhos
Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos." E ele falou: Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, Porque eles têm seus próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois suas almas moram na mansão do amanhã, Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe. Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: Pois assim como ele ama a flecha que voa, Ama também o arco que permanece estável.

5 comentários:

  1. Extremamente válido esse tema , Katya. Aliás deveria ser obrigatório a leitura a qualquer pai e, por que não, filho(a), não é?
    Muito pertinente sua lembrança em relação a Gibran porém, penso que denunciou a idade. Ops!
    :)

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  2. A chave do sucesso está em dar limites sem impô-los. Difícil? Nem tanto. Crianças gostam de limites. Dão a elas a segurança que necessitam.
    Mas, olha só quem está falando?! Laura, onde estão seus filhos tão bem educados?
    Falar é fácil!
    beijos

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  3. Pois é Wania, sempre existirá a contemporaneidade de certas coisas, por mais velhas que elas sejam. Eu sou um exemplo vivo disto : nasci no século passado e ainda estou dando um bom caldo! heheheh
    53 anos e "emcimona" como estou, é para poucos!
    Conservada em azeite doce, fica melhor, boba!!!! heheheh

    Laura, não é porque não geramos filhos, que somos menos capazes de amar e sermos amadas! E muito menos capazes de saber e aprender qualquer assunto, seja ele qual for. Te acho muito inteligente, culta e altamente preparada para TUDO!
    Não se diminua NUNCA! Por nada deste mundo!

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  4. Tatinha,
    Não me considero menos capaz...só quis fazer um doce! Afinal são mais de trinta anos em contato com pais e filhos....dá pra saber alguma coisinha...rss Mas o texto retrata tão bem a frustração de pais que quiseram acertar e se veem enrolados em seus próprios conceitos sobre o papel que devem desempenhar...Limites...eu os tive....e tenho certeza de que foi por tê-los que consegui chegar até aqui..respeitando...fazendo valer os meus direitos e sabendo quais são os meus deveres.
    Obrigada pelas palavras gentis....somos da mesma safra, portanto sei o quanto você também é valiosa.
    beijos

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  5. Estou com um problema, Katya, não sei o que é azeite doce... :(
    Vcs sabem de meus dons culinários? Claro que sabem, mas não custa relembrar: Só sei fazer cafezim e lavar louças (sem economia de... meu bloqieo mantal impede de dizer o que gostaria, mas sei que começa com "des" e que não é desinfetante, desengordurante...) Clama Wania, o doc dise que não é para forçar... Bom , pessoal, esses são meus dotes....

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