Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.

16 de jul. de 2009

A minha arte de presentear 1

Ao longo de minha vida fiz pouco algo que gosto muito de fazer. Presentear. Muitas vezes por impedimento financeiro e, em outros, por total falta de idéia ou por oportunidade de encontrar exatamente o que pretendia. Penso que presentear é ficar com a pessoa ao seu lado mesmo sem a presença dela. É sentir a pessoa, pensar na surpresa, é procurar a cor do papel com cuidado ou a caixa tem de combinar com o presente e com a pessoa, entre outras tantas coisas. Sempre procurei no presente um pouco de mim e muito do meu carinho. Inúmeras vezes já gastei mais com o invólucro do que com o presente em si. Um sabonete qualquer, numa caixa adequada, envolto num “lencinho” delicado é difícil de não me agradar e de agradar grande parte das pessoas com quem convivo; o sabonete será usado e o paninho será guardado na caixa de lembranças que todos gostaríamos ou gostamos de ter. Nossa caixa de felicidade, caixa de carinho, de momentos bons, de vida vivida.
Como gosto disso! No entanto, muitas vezes já presenciei cenas que me entristecem, pois se é bom dar presentes, embrulhá-los com carinho e gosto, é muito triste perceber que esse cuidado sequer é notado, nada curtido e muito menos levado em conta. Em minha profissão tive inúmeras vezes a oportunidade de vivenciar troca de presentes nos tais “amigos secretos ou ocultos” e a pressa com que se falava do amigo em questão só não era maior do que a pressão para abrir logo, rasgando papéis com ansiedade e irritação por “aquilo” servir de impedimento para alcançar o objeto em si que, na maior parte das vezes não se via, não se admirava, não agradecia. A pessoa não tinha a oportunidade de agradecer, de sorrir e, no últimos anos, comecei a notar uma indiferença no ato de demonstrar se havia gostado ou não como se isso não fosse importante, não machucasse quem dava o presente. Se o dito cujo não agradava percebia-se uma movimentação para guardar ou esconder o que se ganhava.
Quando criança era comum recebermos uma lembrança nos nossos aniversários e era de bom tom abrir na frente da pessoa e agradecer muito. Depois corríamos para nosso quarto e os expúnhamos em nossas camas para quem quisesse ver; penso que era uma maneira de exibir e agradecer o presente recebido e não de se exibir por que ganhamos tais e tais coisas. — Na verdade nossos pais sempre nos ensinaram a receber presentes e a dar, mesmo nos momentos mais difíceis financeiramente minha mãe dava um jeito de comprar algo e com o maior desvê-lo embrulhava e nos mandava entregar com satisfação.— O legal era exibir nossa cama com uma porção de presentes e não ficar preocupado em mostrar o mais chic, o mais isso ou aquilo. Nos sentíamos importantes pela quantidade de presentes que era igual a quantidade de carinho e do amor que revelavam o quanto gostavam de nós. Acredito que viver um tempo assim foi mais rico e instrutivo para mim do que muita coisa. Eu me sentia muito importante quando via minha cama cheia de embrulhos abertos com os presentes que só poderíamos usar no dia seguinte ou quando todos fossem embora, afinal havia uma festa para se curtir. Hoje sei que era uma forma de educar-nos para muitas coisas, inclusive a ter auto controle pois a autoridade do pai e da mãe eram suficientes para que não nos isolássemos no quarto para ficar brincando enquanto os convidados estavam lá fora nos aguardando.
Dessa minha infância e adolescência veio o gosto por presentear e sempre agradecer o que recebo seja o que for. Algumas vezes já me peguei perguntando “Você gostou da lembrancinha?” Uma forma de fazer a pessoa lembrar de tecer algum comentário para ficarmos sabendo se havia gostado ou não. Êta mundo esquisito. siô.
Enfim, adquiri alguns preceitos para presentear alguém e que jamais contrario: - Nunca dar algo que não possa me dar antes; - compatibilidade e adequação entre presente ou presenteado e jamais, em tempo algum, dar um presente em sacola seja da Tyfanni’s ou da vendinha perto de casa. Esse ultimo é uma das piores coisas que já presenciei em festas de aniversário. O que se pretende com isso? Mostrar o local onde foi comprado? Revelar nosso poder econômico? Pelo amor de Deus, deve haver limite para demonstrar nossa de falta de educação e deselegância,não é?
Em relação a presentes devo dizer que ninguém espere de mim determinadas objetos. Há coisas que não admito ou sequer concebo comprar para presentear, por exemplo: Dar camisola e pijama para pessoa com mais de 60 anos. O que se pretende? Dizer que não é para sair da cama? Que fica lá sem dar trabalho é o melhor? Ora, para essa faixa etária há coisas fantásticas para serem dadas. São pessoas que sabem apreciar um presente, basta ver o cuidado na hora de abrir um pacote.
Mas isso ficara para o próximo dia, ou madrugada.

10 comentários:

  1. Wania,
    assim como você, adoro dar presentes e me preocupo e muito com a embalagem. Acho que as vezes o pacote é ainda mais bonito que o presente realmente. Tenho uma amiga que fica esperando meus presentes, pois também gosta das embalagens. O dedicar-se um tempo ao pacote me parece um carinho a mais com que eu dou o presente. Gosto também de não ter data específica. De repente vejo algo e combina com determinada pessoa e compro. Meu pai foi quem me ensinou a arte de fazer pacotes...ele passou a todos nós essa habilidade...minha mãe, até hoje conta conosco para os presentes. Aliás essa é outra que adora dar presentes. Venha passar um dia com ela e saia sempre com um presentinho.
    Realmente esse desinteresse que voce via nos seus alunos é geral. A turminha de hoje é imediatista. Quer ver o resultado, pouco se importando como aquilo realmente aconteceu...acho que é culpa da vida hoje ser baseada num "click".

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  2. WANIA QUERIDA!
    ESTOU COM SAUDADES.
    ESSE NEGÓCIO DE DAR PRESENTES, RECEBER PRESENTES É UMA COISA DELICIOSA MESSS.
    MAS NÃO TEM PRESENTE MELHOR DO QUE AQUELE QUE NOS JUNTOU NA BAHIA EM MAIO, OU AQUELE OUTRO ENCONTRO QUE ESTIVEMOS AÍ EM SP EM FEVEREIRO, ESTARMOS JUNTOS DOS NOSSOS PARENTES DELICIOSOS, CONTANDO SEUS CAUSOS, DANDO RISADAS GOSTOSAS, FAZENDO COMENTÁRIOS JOCOSOS, TUDO MARAVILHOSO. ESTOU COM SAUDADES DOS NOSSOS ENCONTROS, VAMOS FAZER OUTRO LOGO, VAMOS, VAMOS ?

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  3. Sem dúvida queridas primas. Saibam que vcs, com seus comentarios gostosos me fizeram lembrar que anos atrás, nessa mesma data, 16 de julho, avó Hilda e avô Dito estava fazendo 50 ans de casamento e estávamos todos juntinhos, não é?
    Preciso terminar o texto que estava preparando...
    Que coisa feia, Wania

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  4. Oi Waninha,
    Fico acompanhando tudo o que vocês colocam no Blog, ADMIRADA...,EMOCIONADA...,TOCADA...,e prinicpalmente ORGULHOSA em pertencer a essa família que vocês e as suas seguidoras conseguem colocar muito bem através das palavras as aprendizagens que tivemos e que continuaremos a ter atravpes do convívio familiar.
    Vocês conseguem e, muito bem, nos fazer rever esses momentos, dando-nos um saudosismo sem fim.Vocês demostram ter o dom da escrita, sei que tenho um pouco o dom da fala, mas o da escrita deixo muito a desejar, principalmente "na frente de pessoas tão seletas".
    Hoje tive a vontade e consequentemente a coragem de me expressar um pouco mais aqui no blog. Não esperem uma qualidade de excelencia, mais garanto que será rico de sentimentos bons para com todos vocês. O que vale é que estamos aqui motivados a lembrar, ou até mesmo reviver momentos, dentro do possível.
    Vamos lá!!!
    Sobre "A arte de presentar", você colocou sobre o prazer de presentear as pessoas que nos são caras. Conteúdos, embalagem, são demonstrações concretas de sentimentos no ato de presentear. Minha mãe, também gostava muito de presentear as pessoas, só não se importava muito com as embalagens, que muito das vezes eram feitas de papeis reaproveitados de outros presentes ou até mesmo dava sem estar embrulhado. Mas, o que valia é que dificilmente uma data comemorativa era esquecida por ela, se não podia estar presente para presentear, um telefone nunca deixava de dar, para dizer, pessoalmente, a satisfação em poder compartilhar esse momento.
    Foi essa a ultima lembrança concreta de minha mãe. No dia 24 de maio de 2005 ela tentou diversas vezes dar parabens para Myle que havia passado o dia na faculdade. Não desistindo, conseguiu falar com ela só as 22h, dizendo que estava esperando-a no final de semana para dar-lhe o presente que havia acabado de fazer (uma linda blusa de crochê, que ela sabia fazer muito bem). Ao terminar de falar com a mamãe, Myle foi até a cozinha conversar comigo sobre a felicidade que ela havia transmitido no telefonema, dizendo que estava feliz pois havia recebido os resultados dos seus exames de revisão e, que todos tinham dados normais. Repetindo uma expressão de Myle, naquele dia, "esse foi um dos maiores presentes que recebi na noite de hoje, perceber a felicidade de minha avó." A continuidade dessa história, acredito que vocês já sabem...Mamãe não teve a oportunidade de entregar a blusa pessoalmente para a Myle, mas esse foi uns dos presentes mais valiosos que minha filha recebeu em sua vida. Afirmo isso por ela, por perceber o carinho em que ela guarda-o.
    Presentes são sempre valiosos, principalmente quando são dados com amor, para pessoas que nos vale muito.Hoje em dia, deixar de dar presente, não se tem desculpas, pois os valores cabem em qualquer tipo de orçamento. O que vale é o DESEJO em dar e a criatividade.
    Quando damos presente, nos sentimos muito bem, porque junto ele estamos dando a possibilidade de mantermos um elo de amor, de parceria, de união.
    Esse blog, Wania, para a nossa família, é um presente vivo teu. E, nós só temos que agradecer.
    MUITO OBRIGADA!!
    Beijos

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  5. Waninha, entendo bem o que disse. A cada vinco no papel que se faz para que fique perfeito tem um pensamento nosso a respeito de quem estamos presenteando. Quando escolhemos os arranjos para o enfeite é pensando na pessoa que receberá o conteúdo do pacote. Então, quando presenteamos, o mimo vai repleto de sentimentos e energia. É uma demonstração do respeito que temos por quem recebe a lembrança. Tenho muitas! Das pessoas que já me presentearam,guardo tudo, pois criei a mania de guardar (como meu pai), laços, papeis, fitilhos dos presentes recebidos. Eles são presentes também.
    beijos

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  6. Presentear...Caprichar nas embalagens...sem dúvida é algo que herdei da família...
    Presentes marcam sentimentos, que vem expressos em blusas de tricot...violetas...e ficam guardados para sempre em nossas memórias!
    Amo muito esta família!

    Obrigada por ensinarem tanto!!

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  7. Para mim é incomparável o prazer de presentear! Todo o preparo carinhoso envolvido é mesmo ímpar. Antever a carinha da pessoa que vai receber o presente é bom demais, faz o presente ir adquirindo cada vez mais valor. O valor da estima, o valor da doação, o valor da importância que a pessoa a ser presenteada tem para a gente!
    Desde sempre tenho o gosto de presentear mais apurado que o de receber presentes.
    Na doação vai o coração pleno de afeto, de amor, de respeito e reverência. "Eu aqui constato a sua existência, o seu valor, o quanto você aí é importante para mim".
    Beijão a todos!

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  8. Olavo,
    Você como sempre, um gentleman!
    Obrigada pelo selo, amigo.
    Beijão menino.

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  9. Kenya,
    Faz tempo que estou para escrever a você. Foi com grata surpresa que a vi soltando o verbo aqui. É isso aí , querida prima, penso que não devemos dar bola para nada a não ser para nossos pupilos de todas as idades. Como educadora que é esperava mesmo contar com sua contribuição, dicas, sugestoes e mais do que tudo com sua memória. O que Myle falou naquele dia 24, acredito que tenha sido extremamente verdadeiro: "esse foi um dos maiores presentes que recebi na noite de hoje, PERCEBER (desculpe-me a intromissão) a felicidade de minha avó." Quem dá de coração fica muito feliz, muitas vezes mais do que quem recebeu o presente, pois na maioria das vezes não compartilhou com a gente da confecção do presente, não é? Observe uma coisa que notei em você durante "os dias de casamento" do Weber, você estava transbordante de felicidade por poder oferecer a seu filho muito do que efetivamente queria. Tenho certeza que muito de sua mãe estava junto de vocês na escolha de papéis, quadrinhos, fotos, garrafinhas, docinhos criativos e gostosos (coisa rara, fala a verdade) assim como tenho certeza dos sentimentos ds pessoas que lá estavam. Só um detalhe: Você como mãe estava flutuando e sorrindo feliz, muito feliz. Em alguns momentos cheguei a me perguntar: será que não dói sorrir tanto? E, eu mesma me respondia: Não dói, só dá prazer e orgulho de verificar que todos estão gostando, principalmente, o filho tão amado. Sua mãe, efetivamente, gostava muito de dar, fazer presentes. Sou testemunha disso. Ela, a tia Walda, deve ter sorrido muito naquele dia também. Eu, de minha parte, tenho hoje consciência de que aquilo que observei naquele dia foi, nada mais nada menos, PERCEBER muita felicidade.
    Um beijão
    Wania

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